ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 15.03.1989.
Aos quinze dias do mês de
março do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Primeira
Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima
Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a primeira chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adroaldo Corrêa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis
Brum, Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino
Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, Jaques
Machado, João Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia
Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir
Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo.
Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os
trabalhos e solicitou ao Ver. Wilson Santos que procedesse à leitura de trecho
da Bíblia. Após, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Sessão
Preparatória da Décima Legislatura, da Ata da Sessão de Instalação da Décima
Legislatura e de Instalação da Primeira Sessão Legislativa e da Ata da Primeira
Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária, as quais foram aprovadas. O
Sr. Presidente registrou, então, a ausência de assessoria técnica à Mesa tendo
em vista a greve geral e informou que os trabalhos da presente Sessão estavam
sendo gravados. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios-Circulares nº 001/89, da
Câmara Municipal de Ijuí/RS; e 04/89 da Câmara Municipal de Cachoeira do
Sul/RS. Em PAUTA, Discussão Preliminar, Segunda Sessão, esteve o Projeto de Lei
do Legislativo nº 06/89. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Luiz Braz registrou
reuniões de lideranças de Casa ocorridas ontem e hoje, quando foi tratado
assunto relativo ao reajuste dos vencimentos do funcionalismo municipal;
classificou como contraditória a posição do Partido dos Trabalhadores, ora em
apoio à greve geral e noutro momento anunciando índice de reajuste de apenas
20% para os funcionários do Município. O Ver. Wilson Santos analisou projeto de
lei do executivo que reajusta os vencimentos dos funcionários municipais em
apenas 20%, classificando como de desconsideração essa iniciativa dado o nível
que propõe. Cotejou essa posição com a de apoio à greve geral pelo PT. O Ver.
Artur Zanella referiu proposição de autoria de S. Exa. sobre o índice de
reajuste de vencimentos do funcionalismo municipal, denunciou manipulação de
números pelos governos estadual e municipal em relação ao processo
inflacionário. Cotejou a iniciativa do Executivo Municipal de reajuste dos
vencimentos para os funcionários com a realidade inflacionária, considerando os
cálculos desses governos para o reajuste de vencimentos. O Ver. Flávio Koutzii,
referindo posições de outros Partidos em relação ao compromisso com a luta dos
trabalhadores, declarou que o PT tem apoiado a greve geral. Anunciou que,
oportunamente, abordará a proposta do Executivo Municipal de reajuste de
vencimentos do funcionalismo. O Ver. Vicente Dutra registrou posição do PDS em
relação a greves, esclarecendo que não oferece solidariedade ao movimento.
Analisou a postura do Legislativo frente à greve geral, expressando entender
que a Casa deve funcionar a despeito de fatos como esse. Anunciou que apoia a
luta pelo reajuste de vencimentos dos funcionários municipais em níveis
compatíveis. Nessa ocasião, o Sr. Presidente esclareceu ao Plenário o fato da
não realização de Sessão Plenária, ontem, por falta de energia elétrica. Ainda
em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Isaac Ainhorn saudou seus Pares pela presença
em Plenário, possibilitando a participação da Casa na discussão do movimento
grevista que ora ocorre. Leu Nota Oficial do PDT em relação à greve geral.
Criticou proposta do Executivo Municipal para reajuste de vencimentos dos
funcionários em 20%, declarando-a ilegal face à legislação municipal e
criticando a posição do Sr. Prefeito de arrocho salarial. E lamentou atitudes
de violência praticadas contra veículos de transporte coletivo. O Ver. Omar
Ferri classificou como paradoxal a posição do PT diante do anunciado índice de
reajuste de vencimentos para o funcionalismo municipal e a luta contra o
arrocho-salarial. E declarou-se prudente diante desse fato por não conhecer a
legislação pertinente. O Ver. Clóvis Brum ponderou sobre o resultado da greve
geral e sua implicações em futuras negociações entre trabalhadores e
empresários. Citando expressão do Ver. José Valdir de que “nada é melhor do que
um dia após o outro”, registrou que o Ver. Omar Ferri já se coloca contra
possível greve do funcionalismo municipal diante do anunciado índice de
reajuste de vencimentos, pelo que também criticou o Sr. Prefeito Municipal. E o
Ver. Lauro Hagemann analisou acontecimentos relativos a postulações da classe
operária, considerando como de avanço e aprendizado a eclosão de greves.
Declarou que a greve dos trabalhadores é contra o empresariado, expressando que
é um equívoco misturar-se esse movimento com o anunciado reajuste de
vencimentos ao funcionalismo. E manifestou sua solidariedade com o movimento
grevista nacional. Durante a Sessão os trabalhos estiveram suspensos por três
minutos. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente encerrou os trabalhos às
quinze horas e sete minutos, anunciando a realização de reunião de Comissão de
Inquérito, a seguir, e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver.
Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Wilton Araújo. Do que eu, Wilton Araújo,
2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada pelos Srs. Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE: Como os senhores estão reparando, nós
estamos sem a assessoria técnica – os funcionários estão em greve – e estamos
gravando a Sessão de hoje, para depois fazer-se o apanhado taquigráfico, pelos
gravadores.
Passamos
à
2ª SESSÃO
PROC.
N° 0638/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 006/89, de autoria do Ver. Vieira da Cunha, que altera
dispositivos da Lei nº 4012, de 27 de agosto de 1975, e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: Não há oradores inscritos para discutir a
Pauta.
Com
a palavra, o Ver. Luiz Braz, em Comunicação de Liderança.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
tivemos ontem o primeiro dia de greve e uma reunião com os líderes desta Casa,
o Prefeito Olívio Dutra e o Vice-Prefeito Tarso Genro. Aliás, o Prefeito Olívio
Dutra em algum tempo participou da reunião, porque no tempo restante ele estava
participando da greve. Um tempo ele estava em greve como Prefeito, em outro
tempo em greve como funcionário do Banco. E hoje, pela manhã, nós participamos
de uma reunião com lideranças desta Casa, onde participaram 22 Vereadores e o
que nós ouvimos nas duas reuniões, principalmente daqueles Vereadores que
pertencem à Frente Popular, são questões completamente antagônicas. Ontem, nós
ouvimos o Prefeito Olívio Dutra e o Vice-Prefeito Tarso Genro tentando
convencer os líderes que ali estavam naquela reunião de que a Prefeitura só
podia dar 20% de aumento para o funcionalismo público, e mais do que isto, no
Projeto que vem aqui para esta Casa, há um básico para o funcionalismo público
de 54 cruzados novos, que não chega nem ao salário mínimo que está sendo pago
para o servidor, para os empregados da União. Agora pergunto para os senhores:
hoje, pela manhã, os líderes, e eu estou dizendo os líderes da Frente Popular,
diziam-se incompatibilizados com a reunião normal aqui desta Casa, porque eles
tinham que dar apoio à greve que está acontecendo neste País. Acontece que a
greve que está acontecendo neste País é pelo arrocho salarial, mas é pelo
arrocho-salarial que todos os trabalhadores brasileiros estão agora nas ruas,
ou pelo menos em suas casas, mas não, estão no seu trabalho protestando contra
ele, é um arrocho-salarial que o PT pregava contrário a ele, antes de chegar à
Prefeitura Municipal e que neste exato instante está proclamando como a única
saída para poder governar este País, ou para governar a Prefeitura, e mais um
dos participantes da Frente Popular, do PCB, o Ver. Lauro Hagemann afirmava, na
última Sessão que tivemos nesta Casa, que a Frente Popular não pode governar para
o funcionário público. Isto quer dizer: vamos dar 20% para o funcionário
público e que ele se rale.
Agora,
o que tem que terminar nesta Casa, o que tem que terminar neste País são as
mentiras, são os engodos; o que tem que terminar neste País é a pregação, lá
fora, enganosa, mentirosa, que serve apenas para fazer partidos políticos de
esquerda crescerem, mas quando esses partidos chegam ao poder, eles mostram que
não têm competência para governar. E, agora, pretendem sair às praças públicas
dando apoio a uma greve que reivindica melhores salários e, ao mesmo tempo,
tentam matar de fome o funcionalismo público municipal.
Ontem,
o Secretário da Administração disse, na reunião, que os 20% que estão sendo
colocados nesse Projeto que vem para esta Casa não são colocados ali a fim de
negociar. Porque eu colocava, na reunião, que normalmente se coloca um índice
dentro de um Projeto de reajuste salarial aqui para esta Casa, e esse índice,
logo após, sofre algumas variações por pressões feitas por líderes desta Casa e
pelo movimento sindical. Isso aconteceu na Administração do PDS, do PFL e do
PDT. Acontece que na Administração do PT – dizia o Secretário da Administração
– isso não irá acontecer, porque esse 20% é o máximo a que se pode chegar. Sou
contrário às mentiras, aos engodos, sou contrário à falta de competência, à
falta de capacidade, sou contrário a práticas que querem levar este País não
para a beira do abismo, porque ali ele já está há muito tempo, mas para se
destroçar no fundo desse abismo, ao qual os partidos de esquerda muito ajudaram
a que ele chegasse bem próximo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Wilson Santos pelo
PL.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o orador
que me precedeu, utilizando o tempo do PTB, realmente abordou o tema central
que me traz a esta tribuna; estamos de posse do Projeto de Lei que fixa os
vencimentos dos funcionários da Administração Centralizada e Autárquica do
Município e dá outras providências. Neste “dá outras providências” até que
poderia ter as providências que um regime democrático de livre reivindicação
pudesse trazer, porque oferecer o miserável percentual de 20% à categoria
valorosa dos funcionários municipais que sustentam a qualidade desta máquina
administrativa municipal é, senão um escárnio, é realmente uma desconsideração
de que aí está uma sub-raça do operariado, do trabalhador, qual seja: os
funcionários municipais. Ora, a greve que estamos vivendo, e o Partido Liberal
entende que a conotação política que se dá à greve, ela tem matizes de justiça
porque pretende denunciar um Plano Verão que fez com que o Governo Federal
acenasse com uma parcela sua neste contrato bilateral. Só que o Governo não
cumpre a sua parte especificamente no que tange ao déficit público, e quer que
o trabalhador cumpra a sua parte só com o sacrifício do trabalhador: Então,
olhando-se por aí, realmente, ela tem um matiz de justiça, embora o Partido
Liberal entenda que existem outras maneiras de protesto, quem sabe um protesto
de mobilização nacional em defesa deste arrocho salarial indo às praças,
passeata. Agora, uma greve como recurso extremo nos causa preocupação quanto
aos prejuízos que impõe à Nação. Uma outra coisa, nós entendemos uma greve
democrática, que tenha o direito de fazer greve aquele que quer fazer greve,
mas que tenha o direito de ir e vir aquele que quer trabalhar.
O
Prefeito de Porto Alegre, ele garantiu os serviços essenciais como a saúde, a
água; mas o transporte é um serviço essencial e vital; e o transporte neste
momento iria aferir o valor da greve, porque se colocasse o transporte, e que,
inclusive, o próprio PT arvora como um serviço do Município que deve ser
estatizado, deve ser encampado, inclusive, incursionou sobre a esfera da
encampação, deveria ter estabelecido o serviço vital de transporte coletivo. Ai
nós poderíamos ver o tipo de adesão à greve , que eu digo que tem matizes de
Justiça, porque ela pretende denunciar politicamente um Governo Federal
incompetente, que num processo de duas mãos, de fluxo e refluxo, não cumpre a
sua parte porque não toma nenhuma medida para conter o déficit público, e joga
toda a culpa da inflação em cima de salários, massacrando, corroendo o bolso do
trabalhador com esta política madrasta.
Agora,
não se pode deixar, em nome da verdade, em nome da Justiça, dizer que, em nome
da Frente Popular, se apresenta um odioso, repugnante Projeto que pretende
fixar os vencimentos dos funcionários da Administração Centralizada do
Município em 20% com um piso salarial de NCz$ 54,08. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Artur
Zanella, Líder do PFL.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tive
uma pequena confraternização nestes dias, sem maiores conseqüências políticas,
com jornalistas da Casa e com outros jornalistas, onde disse a eles que
entraria com Pedido de Informações sobre o percentual que seria encaminhado
pela Prefeitura Municipal. E isto foi efetivado, depois, por um Pedido de
Informações.
Não
vou entrar em detalhes da reunião, pois era uma reunião mais ou menos fechada,
e creio que os detalhes não devam, ao menos de minha parte, não devam vir à
tona.
Pretendia,
hoje, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, até discutir o assunto que nos traz
aqui, que é a abertura do ano Legislativo, e até algumas conseqüências, eleição
da Mesa. Enfim, tudo isso se pretendia hoje. Mas em função desses
acontecimentos, de vez em quando eu digo que fui economista e hoje estou um
pouco afastado, a partir de hoje não tanto, mas o que está se fazendo em termos
de manipulação de números é uma coisa incrível. E não só no Governo Municipal e
sim também no Governo Estadual, porque a única parte fixa que todo o Governo
Estadual, como o Governo Municipal, é o IPC de fevereiro de 1989, 3,6%. Como
foi conseguido esse IPC de 3,9%? Ele foi conseguido, Ver. Dilamar Machado,
porque o Governo Federal, para expurgar eventuais aumentos de janeiro, antes do
Plano Verão, utilizou o que se denomina vetor, isto é, imaginou o que viria de
inflação a mais se continuasse aquele nível. Então, igual o aumento de 51 dias
que eram aumentos já ocorridos e aumentos que ocorreriam, caso não houvesse
congelamento. E com esses vetores todos é um pouco mais complexo, mas se
colocou que 51 dias dava 70,28%. E eu pessoalmente digo: não é este o IPC de
janeiro, porque trouxe aumentos que seriam posteriores. O resultado desse
aumento com vetores foi o IPC de fevereiro que em vez de 30 dias traz 11 dias.
Então, somando-se de 51 que geram os 70%, mais os 11 dá, 62 dias, isto é, dias
ou um dia a mais do que dois meses.
Então, se é verdade que o mês de janeiro teve um IPC engordado para apresentar um bom resultado do Plano Verão, também é verdade que o IPC de fevereiro foi expurgado, para que aparecesse esses 3,2%. Então, começando pelo Estado, o Dr. Pedro Simon aceita o de 3,6% e não aceita outro. Em janeiro ele põe a poupança. Poupança que é o over, então, o funcionário estadual, um mês é o over e mais o IPC. O Governo da Frente Popular, neste fato, ele traz os 76%: IPV janeiro, 70,28%; IPC fevereiro, 3,6% que cumulativamente dá os 76,41%, mas não aceita. E não aceita por quê? Porque existe uma medida de provisória do Plano Verão, esta que está sendo combatida com a greve e que diz que os 70%, estes não servem. Então, pelo Plano Verão, que estamos todos em greve, que o Dr. Olívio está distribuindo panfleto, por ele é o INPC mais o IPC. Quer dizer, juntam duas coisas que dá o INPC 35,48 IPC 3,6% que dá o máximo de 40,36. Então, na concepção do Governo Municipal atual o aumento a ser considerado é de 40,36% e os 20% é fruto da impossibilidade financeira. E por pergunta minha, ontem na reunião, se isto seria uma entrada com correções posteriores, e a posição é de que não haverá.
Então, quero dizer que tecnicamente tanto o cálculo municipal como o estadual estão absolutamente errados, e pelo Plano Verão o aumento que deve vir para atender a Lei aprovada por esta Casa é de 40,36%. Isto pelo Plano Verão que está aí e que está sendo contestado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Koutzii.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há uma
referência que está sendo contornada nas intervenções e nós teremos
oportunidade de discutir, certamente, por muitos dias e de forma muito polêmica
e acalorada, referente à questão dos 20%, mas a minha intervenção vai-se voltar
àquilo que me parece, e é até natural, pelo Partido dos Vereadores líderes que
ocuparam a tribuna antes de mim, e que preferiram, rapidamente, partir à ofensiva
deste terreno, porque os seus vínculos com a luta popular são meramente
retóricos, carecem de qualquer tradição, do ponto de vista, não individual, mas
do ponto de vista do seu Partido. Eu não sabia que o PTB tem sido um Partido
que tem construído um movimento operário independente, não sabia que o PTB,
este de hoje, tem alguma coisa que ver com a luta dos trabalhadores das
cidades, do campo, muito menos o PL, que é um partido claramente empresarial,
muito menos o PFL, que é um Partido do Governo. O Partido dos Trabalhadores, e
é isto que incomoda determinados Vereadores aqui, tem uma História que está-se
escrevendo, não a dos nove anos que eu referi muitas vezes aqui, mas a de ontem
e a de hoje. O que incomoda alguns senhores aqui é que nós estamos na rua, que
nós estamos no piquete, é que nós estamos construindo a consciência dos
trabalhadores deste País, junto com muita outra gente, é claro, mas sendo um
pilar fundamental. E o que parece longe da sensibilidade de alguns senhores,
aqui, é o registro histórico – e já me viram falar muitas vezes para saber que
eu meço as minhas palavras e cuido de não exagerar na adjetivação -, o momento
histórico que este País está vivendo, porque se tentou, depois da ditadura,
cinco vezes fazer uma greve geral neste País – 21de julho de 1983, 20 de
outubro de 1983, 12 de dezembro de 1986, finalmente 20 de agosto de 1987. A
greve geral não é um fetiche. A greve geral só sai quando a maioria dos
trabalhadores adquiriu autonomia, consciência das suas necessidades e consciência
da sua dignidade, porque é muito mais difícil do que alguns discursos que
colocam aqui, é romper com a simples opressão do temor de faltar ao emprego. É
por isso que certos senhores se dedicam não a discutir esta necessidade
extraordinariamente fundamental de uma sociedade democrática que avança, que é
a consolidação de um movimento de trabalhadores amplo, democrático e autônomo.
O que interessa é discutir se vai haver violência ou não vai haver violência,
se todo mundo pode ir para o trabalho ou não.
O
momento histórico que este País vive coloca outra questão, os índices de
participação na greve são os mais extraordinários desta década, quer dizer, são
os maiores desde 1963. Por isso eu me atrevo a ousar que este é um momento da
nossa história, tenho o orgulho e a emoção de participar de um dos Partidos que
foi fundamental não para o dia de ontem e de hoje, certamente o foi, mas para
chegar ao dia de ontem e ao dia de hoje, porque esta greve não caiu do céu e
esta capacidade de se mobilizar não caiu das nuvens, isso aí é um longo
trabalho de sedimentação de direitos democráticos, de compreender que as
pessoas não são cordeiros, que se há níveis injustos de trabalho e de salário é
preciso responder. E nós pensamos que isto foi feito de uma forma, desta vez,
formidável, que ultrapassou de longe a barreira dos 50%, 60%. Nós estamos com
este movimento, nós fazemos parte dele e saudamos todos aqueles, e há muitos
aqui nesta sala que se rejubilam conosco deste resultado e rechaçamos a redução
do significado deste momento muito importante da nossa História. Os debates que
concernem às propostas ou decisões que a Prefeitura propõe e que não são do
entendimento dos Vereadores e dos Partidos da Casa serão por nós discutidas no
Plenário, amanhã, e em todos os dias subseqüentes. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDS. Com a palavra, o
Ver. Vicente Dutra.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
Bancada do PDS, pelo meu intermédio, se manifesta não no sentido de dar apoio à
greve. Nós temos um passado bastante claro de não apoiar greves políticas,
greves de solidariedade. Nós as respeitamos. Nós entendemos, mas nós não
apoiamos como medida acabada, pronta para a solução dos graves problemas que
afligem o nosso País. Não significa com isso que a nossa Bancada esteja
solidária com o Governo, absolutamente. A Bancada mais contrária, mais
adversária do atual Governo da União sem dúvida é a Bancada do PDS. Não
significa também que estejamos contra o trabalhador, ao contrário, nós queremos
o trabalhador atendido nas suas legítimas reivindicações. Entendemos o momento
difícil que passam os trabalhadores, porque nós também somos trabalhadores. Por
isso não vamos dar a nossa solidariedade, entendemos não vamos colocar mais
lenha e vamos ficar na nossa posição de observador.
Agora,
há um detalhe que eu gostaria de colocar e é uma posição muito pessoal do
inconformismo do não-funcionamento desta Casa, Sr. Presidente. A Casa teria que
funcionar plenamente, e ontem não funcionou. E não entendi por que não
funcionou. Alegam os funcionários, e nós os respeitamos, que é um direito
legítimo da Constituição, que eles façam a sua greve, mas os cargos de
confiança, por que não funcionaram nesta Casa? E a Casa só depende dos funcionários?
Está aqui uma prova eloqüente da participação da ilustre Vereadora e
ex-Taquígrafa, competente Letícia Arruda de que ela pôde funcionar
perfeitamente sem a participação de alguns funcionários. A Casa independe dos
funcionários, esta é que é a verdade. Se tiver que funcionar embaixo de uma
árvore, teremos que funcionar, é um poder constituído, não podemos cometer este
grave equívoco de confundir esta Casa com solidariedade. Nós podemos dar a
nossa solidariedade aqui no Plenário, através das nossas manifestações pela
imprensa, através do nosso discurso, através até da participação do piquete,
mas nunca inibir o funcionamento desta Casa através de solidariedade, porque
quando votamos aqui um voto de solidariedade para alguém, por exemplo, que é
premiado, nós necessariamente precisamos pegar o prêmio na mão. Quando votamos
uma moção contra algum ato arbitrário, não precisamos ir lá e colocar o sujeito
na cadeia, quando votamos até um voto de pesar pelo falecimento de alguém, não
precisamos inclusive nos deitarmos no caixão para viver o momento daquilo que
estamos votando nesta Casa.
Então,
nós cometemos este equívoco, Srs. Vereadores, eu de minha parte acho que falo
em nome dos meus Vereadores e não os consultei sobre este aspecto, mas
protestamos e esta Casa tem que funcionar sempre. Esta é a nossa missão, por
isso que o povo nos delegou esta missão para virmos aqui. Sob nenhum pretexto
nós podemos deixar de funcionar.
Foi
discutido, hoje, pela manhã, com Lideranças e com os Vereadores que se criaria
uma Comissão, a Comissão que iria dar solidariedade, iria participar nos pontos
onde a greve se manifesta aqui em Porto Alegre. Nós concordamos com isto, com
um detalhe: que esta mesma Comissão, já investida, de verificar o que se passa,
os pontos críticos da greve ocorrida em Porto Alegre, e esta mesma Comissão já
fica automaticamente investida de continuar esta luta, no tocante ao
encaminhamento para a reivindicação do reajuste salarial tão solicitado pelos
funcionários municipais. Esta luta é concomitante, não é separada. Nesta mesma
Comissão que se criou aqui hoje, e certamente daqui deverá sair, já passe
também, desde agora, com o Poder Executivo Municipal, a lutar pelas
reivindicações dos nossos funcionários municipais, porque é sabido – e eu já
disse aqui desta tribuna - que Porto Alegre é uma das poucas capitais do Brasil
que não tem marajás, e nós precisamos, urgentemente, aumentar o salário; 72% ou
46%, como aponta aqui o Ver. Zanella, mas jamais os 20%, esmola que seria dada
aos funcionários. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Gostaria de informar ao Plenário, aos
Vereadores que não vieram à Casa, e com o testemunho dos Vereadores que aqui
estiveram ontem, que a Casa funcionou, a Casa não proibiu ninguém de entrar,
nenhum funcionário. Lembro bem que, inclusive, o Ver. Vicente Dutra, com os
jornais embaixo do braço, esteve conversando comigo no meu gabinete.
É
a falta de luz. De repente, pode cair a luz como tem caído seguidamente.
O
Ver. Artur Zanella esteve na Casa, e também os Vereadores Leão de Medeiros,
Airto Ferronato, Isaac Ainhorn estiveram na Casa. É só para informar que pode
faltar luz amanhã, e não dar “quorum” no Plenário, e alguém dizer que a Casa
não funcionou. Esta informação é para a imprensa que não esteve aqui, para
obter algumas notícias. Os assessores, os diretores da Casa, cargos de
confiança estiveram na Casa, como outros funcionários.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, há uns três ou quatro
dias atrás, pedi uma Questão de Ordem à Mesa, e V. Exª não estava na
Presidência – era o Ver. Clóvis Brum -, e eu pedi à Mesa uma posição, sobre
qual seria a posição da Mesa em relação aos dias de greve, se os funcionários
não viessem. E o Sr. Presidente, na época, disse que oportunamente daria. Eu,
ontem, como o meu pessoal de confiança não veio trabalhar, e não subi,
inclusive, a não ser em determinado momento, porque eu fui procurado por um
grupo de funcionários que me disse que ia fazer piquetes, e que a Câmara não
trabalha com piquetes.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Zanella, tudo bem. Mas se a Casa não
trabalhou com piquetes, se os funcionários fizeram greve, nós não podemos fazer
nada. Naquele momento em que presidia os trabalhos o Ver. Clóvis Brum, eu ainda
chegava e conversava com ele e nós respondemos de imediato a V. Exª, de que
após a greve a Mesa se reúne junto com as Lideranças e tira uma posição
referente ao abono ou não dos grevistas.
O SR. JOÃO DIB: Seja abonado, porque o Prefeito da Cidade
diz que quem trabalha é pelego, eu acho até que eles fizeram bem.
O SR. PRESIDENTE: Está certo, Ver. João Dib. Está aí o
voto. Liderança com o PDT.
Com
a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes
de mais nada a nossa saudação a todos os colegas Vereadores que se fazem aqui
presentes, e que fazem com que esta Casa hoje tenha um funcionamento normal e
uma participação efetiva e decisiva nos acontecimentos da nossa Cidade e do
nosso País, nestes dias de Greve Geral.
A
posição do nosso Partido, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, foi manifestada
através de nota oficial publicada na imprensa local, mas nós entendemos que
alguns tópicos desta manifestação devam aqui desta tribuna ser reafirmados.
O
primeiro diz: “o Partido Democrático Trabalhista torna público seu irrestrito
apoio à Greve Geral, convocada pelas Centrais Sindicais Trabalhistas, contra o
chamado Plano Verão. O povo trabalhador está cansado destas fórmulas mágicas,
que os tecnocratas do Governo vêm ditando sucessivamente de acordo com a
vontade dos representantes dos grupos financeiros internacionais. Coerente com
as posições reiteradamente assumidas no passado, inclusive quando denunciou ao
País a farsa do Plano Cruzado, o Partido de Leonel Brizola repudia formalmente
mais esta submissão do Governo Sarney às ordens emanadas do FMI, contra os
legítimos interesses da Nação, e reafirma sua inquebrável disposição de luta ao
lado dos trabalhadores, pela derrubada do arrocho salarial.” Vejam, V. Exas, que a posição do nosso Partido está de
forma clara em relação à Greve Geral nos dias 14 e 15, mas a nossa posição é
uma posição que se coloca de forma coerente em defesa dos trabalhadores
brasileiros e a coerência se faz na prática, no dia-a-dia. E, infelizmente, o
que assistimos, e coincidentemente nos dias de Greve Geral, às vésperas da
Greve Geral contra o arrocho salarial, é o Governo da Cidade de Porto Alegre,
na condição de empregador, anunciando uma proposta de 20% de aumento aos
funcionários municipais. Vejam V. Exas que essa proposta é flagrantemente ilegal, ela viola texto
expresso de lei municipal, da Lei Complementar nº 186, que fez, inclusive, com
que uma Vereadora da nossa Bancada já se manifestasse com a intenção de se
dirigir ao Poder Judiciário, caso venha a vingar essa proposta do Executivo
Municipal.
E
nós não estamos preconizando aqui aquilo que é o sentido da Greve Geral contra
o arrocho salarial e contra todos os empregadores. Nós não queremos que o
Governo Municipal conceda os 72%, que é a reposição plena do salário em janeiro
e fevereiro, não. A proposta é a dos 40,3%. Nós aceitamos que o Governo
Municipal dê, simplesmente, a reposição que o Governo Federal hoje propõe em
termos da sua política do Plano Verão. Nós estamos aceitando simplesmente essa
reposição salarial do arrocho. E o Governo propõe o quê? Ao invés de estar
buscando alternativas à testa do Governo Municipal, e dando o justo
reconhecimento político à greve, aí buscando soluções para o funcionalismo, S.
Exª, o Sr. Prefeito Municipal, evidentemente, participa dos piquetes à frente do
Banco do Estado do Rio Grande do Sul; já saudoso, certamente, da sua ação de
piqueteiro, retornou a ela.
Portanto,
nos causa, Sr. Presidente, muita estranheza a posição que hoje vem sustentando
o Governo Municipal que é, basicamente, uma posição de arrocho salarial; de
arrocho contra o funcionalismo. E, lamentavelmente, hoje, não estão aqui,
porque aqui deveriam estar os funcionários em passeata, em movimento, porque a
greve geral não é imobilista. Lamentamos a ausência dos funcionários que
deveriam estar hoje, na rua, aqui nas galerias desta Casa, pleiteando a
reposição plena salarial e contra o arrocho salarial.
E
por último, Sr. Presidente, lamentamos, evidentemente, aquilo que não é
compatível com a greve porque nós expressamos o nosso apoio à Greve Geral.
Agora tememos, Sr. Presidente, os “Cabo Anselmo” do movimento popular; os “Cabo
Anselmo” do movimento sindical; a radicalização, a quebra de pára-brisas, a
violência da greve que fez com que se suspendessem completamente os serviços de
ônibus, hoje, na Capital. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri pelo
PSB.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, evidente
que a matéria mais importante que consta em caráter preferencial na Ordem do
Dia, hoje, aqui nos debates, neste Plenário é a que se refere aos vencimentos
do funcionalismo público municipal. De minha parte, acho, por não conhecer
ainda, em caráter de abrangência todo este mecanismo, inclusive a legislação
municipal, prefiro montar uma expectativa de prudência. Mas, embora eu seja
prudente, quero dizer que há um paradoxo no comportamento do PT, que sempre
reclamou contra o arrocho salarial, que sempre foi um partido que esteve na
linha de frente das lutas em favor da melhoria salarial.
Agora,
também não posso ir para a estrema contrária, já que falaram em Cabo Anselmo,
de muito triste memória neste País. Não sei, deve ter Cabos Anselmo aí por
fora, deve estar minado de Cabo Anselmo neste País, e até dentro desta Casa -
quem sabe? - porque tem gente já querendo 70%, 80%, 100%. E isto sim a minha
prudência me permite concluir que de nenhuma forma é viável. Nem pagando o
Orçamento, torcendo e sacudindo. Acho que a Prefeitura, pelo que ouvi, pelo que
constatei, pelo que analisei, nem pode permanecer entre o 8 e o 80. Diz o
aforismo latino: in medio est virtus. É um baita dum aforismo arcaico,
nunca se prestou para nada, quase sempre se prestou para enganar todo mundo,
mas aqui serve como uma espécie de justiça salomônica.
Então
o PSB quer deixar claro a sua posição para este Plenário. Esse é um assunto
muito importante, e, acho que é um assunto que deve ser apreciado pelos
Vereadores, dentro de um alto espírito de responsabilidade e de profundas
indagações de caráter orçamentário. Por isso é bom que a gente deixe de lado as
bravatas, porque daqui uns dias, esse Plenário será sacudido por milhares de
funcionários municipais e nós vamos passar vergonha, humilhações e vexames. E
nós não podemos nem passar por humilhações e nem fugir à luta de atender as
justas aspirações do funcionalismo municipal de nossa Cidade. Nada de guerra,
não é esse o momento, nada de destruição, não é esse o momento.
Não
posso esquecer de uma frase que não me sentou bem, no início desta Legislatura
porque eu não entendia bem a tarefa da Câmara e sua ligação com as atividades
funcionais do Poder Executivo, refiro-me a frase do Ver. João Dib que disse
serem os Vereadores co-partícipes da Administração Municipal. Portanto, são
solidários com a Administração desta Cidade. E de repente, o próprio Prefeito
Municipal convoca as Lideranças, e no momento em que ele convoca as Lideranças
é porque também o Executivo entende que a Câmara de Vereadores é solidariamente
responsável para com o destino administrativo do Município de Porto Alegre.
Então
nós não podemos ser os guerrilheiros tipo Zanella, tipo Líder do PDT, Vieira da
Cunha. Eu acho que nós temos que acalmar uma possível fogueira, porque dar uma
greve de 30, 40, 60 ou 90 dias, como aconteceu com o magistério, que a teimosia
empedernida do Governo do Estado permitiu que ela chegasse a graus de
paroxismo. Este discurso está sendo gravado. Algumas cobranças já podem ser
feitas nesta Casa e o Ver. Dib sabe quais são. Já tem Vereadores nos dando
razão, no caso do IVV. Se não houver prudência e a devida atenção, porque o
momento, sob o ponto de vista financeiro, é sumamente grave, depois eu haverei
de cobrar as posições, a prudência, a conduta e a postura dos Srs. Vereadores
referentes a este grave e importante assunto. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB, Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho
que o resultado da Greve Geral dos Trabalhadores do Brasil pode ter uma
conseqüência muito importante, porque as lideranças sindicais, independente da
sua posição político-partidária vão se sentar à mesa das negociações com um
poder mais avalizado, abalizado pela população. Acho que a Greve Geral somou,
Sr. Presidente, na busca de melhores condições de salários, face à política do
Governo Federal - insensível e voltada sinceramente para os grandes
empresários. Houve alguns excessos por parte de algum grevista, também houve
uma cadeia de televisão, com programas pagos, pelos empresários, contra a
greve. E como os Srs. sabem, até ameaça de demissão, nas entrelinhas, estava.
Nestas ameaças constava: “é importante o teu comparecimento no local de
trabalho”, etc. Quando o patrão faz uma pregação neste sentido é uma ameaça.
Agora,
como dizia o Ver. José Valdir em outro dia, nada melhor do que um dia depois do
outro. Ele falava em tom de brincadeira. Vejam, o Ver. Omar Ferri vem à
tribuna, faz vários dias, meses, que eu espero que o Vereador diga só uma
palavra contra, ou uma crítica à Administração do PT. Pois agora a greve vale,
a luta vale em favos dos trabalhadores contra o Governo Federal. Tudo bem. Acho
que vale. Agora, em favor dos trabalhadores municipais, já o Ver. Omar Ferri se
coloca contra a greve. Mas não terminou uma greve e me parece que a integração
da Frente Popular está-se colocando contra. Ora, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, se os funcionários municipais não tiverem igualdade de Justiça, na
condução da política da Frente Popular, evidentemente que vão estar em greve.
Hoje estamos solidários com os trabalhadores e amanhã estaremos solidários com
os funcionários municipais. Se a Administração do PT não fizer uma reposição
salarial idêntica aos moldes que ela hoje contesta e participa da greve, é
justo dizer que há dois pesos e duas medidas. Se busca a Justiça social para os
trabalhadores. O PT se inclui nesta luta. Também esta não é uma luta do PT, o
PT existe há poucos anos. Isto aí já vem de muitos anos. A revolução não foi
feita porque o PT existia. O Golpe Militar de 1964 não foi feito porque o PT
estava fazendo greve, nem porque existisse a CUT, o Golpe de 1964 já foi
exatamente pelas lutas populares do antigo Partido Trabalhista Brasileiro.
Então,
vamos começar a colocar as coisas nos seus devidos lugares. Daí a pouquinho
aparece meia dúzia de salva-vidas da situação. Que história é esta? Ou por
acaso a História deste País é escrita depois de 1964? Nós temos que examinar as
raízes do Golpe Militar. Aí, sim, nós vamos nos entender, nos identificar
melhor.
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, quero ver se o Ver. Omar Ferri defende também o
direito de greve dos funcionários municipais. Quero ver!
(Tumulto no Plenário.)
O SR. PRESIDENTE: A Sessão está suspensa por cinco minutos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h55min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h58min): Os trabalhos estão reabertos. Com a
palavra, o Ver. Clóvis Brum. V. Exª tem mais um minuto.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, é bom a gente examinar as
coisas. Nesta greve, os acontecimentos são justos, a reivindicação é justa. Eu
não fui à reunião das Lideranças ontem, porque já sabia das coisas, vou para 15
anos de Vereador nesta Cidade. Então, vamos com calma! Agora, o Olívio nos
reunir lá para dizer que vai dar 20%, quando eles estão numa greve
reivindicando quase 70%, o que é isso? Aonde estamos? Quer dizer, eles reivindicam
quase 70%, mas não podem dar mais do que 20%. Mas que é isso? Mas que
barbaridade! Um momento, vamos tratar as coisas transparentemente. Eu só
gostaria que o PT, a partir de hoje pelo menos, nunca é tarde para iniciar,
desse aos funcionários municipais o mesmo tratamento que todos nós queremos
para os trabalhadores brasileiros. E quero ver também as militâncias do Partido
dos Trabalhadores, se houver a greve dos funcionários municipais, ao lado dos
seus funcionários, quero ver e pagar para ver isso. Estamos solidários com a
greve dos trabalhadores e estaremos solidários com todos os movimentos que
visem reposição salarial, no mínimo, igual ao que a atual greve quer para os
trabalhadores brasileiros.
Se
é boa para os trabalhadores brasileiros, tem que ser boa também para os
funcionários municipais.
Era
isso, Sr. Presidente.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Eu só queria comunicar, Sr. Presidente,
que hoje pela manhã eu não compareci à reunião aqui convocada porque no mesmo
momento estava sendo implantada, na Assembléia Legislativa, a Comissão de
Vereadores que a UVERGS convidou para a apresentação de Emendas e uma séria de
coisas para a Constituição Estadual. Como V. Exª e eu fazemos parte da
Comissão, eu estive lá, relevei a ausência de V. Exª, e ficou então à
disposição, junto ao Gabinete do Deputado Muskof, por intermédio da UVERGS e de
outros Vereadores, a possibilidade de todo ou qualquer Vereador - ou por
intermédio da UVERGS, ou pessoalmente - apresentar as suas apreciações,
reivindicações, propostas, etc. E esta Casa possivelmente terá também a sua
Comissão sobre a Constituição.
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Vereador.
Com
a palavra, o Ver. Lauro Hagemann, em tempo de Liderança pelo PCB. V. Exª tem
cinco minutos.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não é
fácil em cinco minutos fazer uma análise dos momentos em que estamos vivendo,
tanto a nível nacional quanto a nível regional, quanto a nível municipal.
Mas
tenho a honra de representar nesta Casa um Partido que, com 67 anos, quase 68
anos de existência, vem dedicando toda a sua vida à organização da classe
operária - com erros, com acertos, com avanços, com recuos, com equívocos -, o
PCB chega hoje a esta Greve Geral com um sentimento de tranqüilidade, porque
estamos observando um avanço nas lutas da classe operária. Cada greve é uma
nova lição que a sociedade aprende, e esta lição de ontem, de hoje, está
juntando vários capítulos numa lição só. É um avanço extraordinário para a
sociedade, a demonstração. Os episódios sinistros que estamos assistindo, não
estão partindo dos organizadores da greve; são fatos sobre os quais o comando
de greve não tem condições de atuar. Há depredações, essas coisas que nós
sentimos e dizemos, com toda a tranqüilidade, que não deveriam ser cometidas.
Mas, infelizmente, nós estamos neste processo de aprendizado e isto às vezes
custa. Mas o sentido geral da greve é de que a classe operária brasileira
está-se conscientizando de que somente ela será capaz de modificar as condições
sob as quais está sendo esmagada.
Nós
temos que considerar uma coisa muito séria, também. Esta greve está sendo
dirigida contra o empresariado nacional, neste momento juntada com o Poder
Público, da qual é um braço. Não é contra o serviço público, a greve, por mais
que as coisas possam se identificar. Daí por que partir do particular, da baixa
remuneração que a Prefeitura quer dar aos servidores públicos do País, no exame
do contexto genérico da Greve Geral, me parece um equívoco.
Eu
deixo de responder ao meu prezado companheiro Luiz Braz, de rádio, pelo menos
até que ele saia da confusão em que está metido, desde que resolveu ingressar
no PTB, porque ele está confundindo alhos com bugalhos, por enquanto. E eu
espero, honesta e sinceramente, e até quereria contribuir com isto, para que
lhe passasse esta confusão. O Partido Trabalhista Brasileiro, o antigo PTB, tem
uma longa história, uma trajetória neste País, mas infelizmente, hoje, as
coisas não estão... Ele se diz de um Partido de esquerda, mas combate os
Partidos de esquerda, e prefere se juntar aos Partidos da direita – é esta a
confusão.
Eu
ouvi V. Exª, com toda a calma e com todo o silêncio, e estou apenas respondendo
a V. Exª. Espero que V. Exª saia da confusão. Só isso, quero ajudá-lo, por
favor. Nobre Ver. Luiz Braz, eu não quero aprofundar a análise dessa questão.
Se
o Sindicato dos Municipários rejeitar a proposta da Prefeitura e decretar uma
greve, estarei ao lado dessa greve dos municipários, por uma questão pessoal,
de sindicalista, de comunista. Agora, como participante da Administração
Municipal, como responsável por esta Administração, como co-responsável, eu
tenho o dever de vir aqui e de dizer que a Prefeitura pode dar 20%, e vamos
fazer o possível para convencer o funcionalismo municipal a receber os 20%. Vai
depender da competência do Executivo, da nossa competência.
Srs.
Vereadores, para finalizar a nossa integral solidariedade ao Movimento Grevista
Nacional e o Governo Federal parece que já tomou ciência do que significa esse
movimento, e já se prepara para revisar a política salarial do Governo, que no
famigerado Plano Verão só congelou, de fato, os salários e não os preços dos
gêneros de primeira necessidade, porque a própria burguesia está querendo o
esvaziamento e até a revogação do Plano de Verão. Porque num processo
inflacionário, interessa à burguesia a maior inflação que puder se verificar,
porque isto representa o biombo para a transferência de renda nesse País. E é
deste expediente que a burguesia, não só do Brasil, mas de todo mundo
capitalista, vem se servindo desde que este processo se iniciou e se avolumou
até o ponto em que nós chegamos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 15h07min.)
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